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Colégio Necromântico

Epígrafe

Atrás dos portões negros da morte estão os segredos da vida eterna. O caminho é longo, e a noite, tempestuosa. Mas a recompensa nos elevará para além das estrelas. Abandone o temor, a dúvida e a descrença. Dê-me tua mão, o caminho nos espera.
Nabu, o Encapuzado.

Prólogo

Era uma sala escura, cheia de livros e pergaminhos de aparência poeirenta, com um cheiro leve, mas persistente de mofo e um odor suave subjacente de algo cítrico misturado com couro. Meel recostava-se contra o espaldar alto e rijo da cadeira, tentando encontrar uma posição em que se achasse mais confortável e não parecesse tão nitidamente ansiosa. Nabu não parecia perceber nem o desconforto nem o nervosismo.

— O senhor me chamou aqui por um motivo... — balbuciou a jovem feiticeira.

— Ah... sim, é claro. Não vou ofender sua inteligência com testes infantis; suas tentativas de estabelecer contato foram percebidas, e suas habilidades pareceram promissoras a muitos de meus confrades. Por isso estamos aqui.

Meel sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir as palavras do velho necromante. Ela sabia que estava prestes a entrar em um mundo de mistérios e perigos, mas também de poder e conhecimento. Ela olhou em volta da sala, tentando imaginar que segredos se escondiam naqueles livros e pergaminhos antigos. Ela se perguntou se estava pronta para o que Nabu lhe revelaria em seguida.

— O poder oferecido pelo Colégio é grande: conhecemos os nomes secretos dos não-nascidos e podemos bani-los ou submetê-los ao poder de nossa vontade... podemos ludibriar os mensageiros de Cruine e trazer de volta à atividade um corpo sem vitalidade... As chamas do Tártaro, os segredos dos mortos, conhecimento que pode tocar as estrelas, tudo isso estará ao seu alcance, em breve, mas tem um preço a ser pago por você, assim como foi, e está sendo, pago pelo Colégio desde seu início.

Meel ouviu com atenção as palavras de Nabu, sentindo uma mistura de fascínio e medo, pois sabia que o Colégio Necromântico era temido e odiado por muitos, mas também admirado por sua ousadia e sabedoria. Em sua cabeça pairava a duvida se valeria a pena o fardo desse conhecimento. Ela olhou nos olhos escuros de Nabu, buscando alguma pista de sua intenção, enquanto ele a encarava firmemente.

— E qual é esse preço, senhor? — ela perguntou com algo de hesitação em sua voz.

Nabu sorriu levemente, como se esperasse por essa pergunta.

— Antes de lhe responder, deixe-me contar-lhe um pouco da nossa história. Talvez assim você entenda melhor quem somos e o que buscamos.

Então ele relaxa na cadeira almofadada em seu lado daquela pesada mesa de escritório e com um olhar mais suave, ele começa uma narrativa desta lenda.

— Nossa confraria surgiu em tempos agora esquecidos, como uma força de oposição aos Elfos Sombrios, que expulsos de seus antigos lares, marchavam sobre os feudos humanos, buscando um lugar em que se fixar. Nossos precursores não viviam muito tempo, pois os elfos decaídos eram muito numerosos, e poderosos, e as aberrações conjuradas por eles nos caçavam tanto quanto, ou mais que, nós os caçávamos. Mas fomos nos mantendo, passando a tocha para jovens aprendizes que continuavam a luta nas sombras. Por muito tempo estivemos em vias de nos extinguirmos... até surgir Gregorius. Ele era um desses magos inatos, inexplicavelmente talentosos, dotados de um fogo que os diferencia de outros humanos. Na verdade, não se sabe se ele era um humano, elfo ou mestiço, e muitos acham que ele não passa de uma espécie de lenda... mas eu sei que não era. Ele existiu, para nossa glória e desgraça.

Nabu fez uma pausa em sua narrativa, como se voltasse para aquela sala de uma jornada mental, ele encara Meel com um olhar penetrante. Ele queria ver se ela estava acompanhando sua história, se ela mostrava algum sinal de dúvida ou descrença. Ele viu que ela estava atenta, mas também curiosa e intrigada. Ela parecia querer saber mais sobre aquele personagem misterioso que mudou o destino do Colégio.

— Gregorius tinha uma mente arguta e sedenta; ele trocou conhecimento com muitas guildas de magos e viajou com sacerdotes e exorcistas, sempre aprendendo suas artes. Muito de nosso conhecimento atual se deve a ele. Era um estudioso aplicado de metafísica e cosmogonia, e através dele chegamos à chave de nosso atual poder. Observando elementaristas e prestidigitadores, Gregorius chegou à conclusão de que não demoraria muito para que nossos poderes decaíssem ao nível da ilusão se continuássemos usando o “mana” livre em Tagmar, que era farto, mas não inesgotável. Assim, ele descobriu conexões arcanas que nos permitiriam estabelecer contato com o fogo tartáreo e dele extrair Karma para abastecer nossos poderes. Muitos membros do colégio, é claro, discordaram, argumentando que este era um procedimento muito parecido com o de Seret e seus asseclas, mas Gregorius, dotado de grande eloquência, mostrou ao colégio que o Tártaro era o berço do caos primordial, e não um plano infernal, e a maioria dos confrades acedeu aos argumentos de seu mais ilustre representante; quanto aos dissidentes, abandonaram o colégio, tornando-se independentes, ou juntaram-se aos Ilusionistas primitivos, por afinidade de procedimentos. Rumores e lendas há de que algumas poucas vozes precisaram ser silenciadas, porque não queriam se distanciar e não aceitavam os procedimentos hereges de Gregorius... após tantos milênios, quem pode afirmar ou negar?

Como se esperasse uma resposta à sua pergunta, Nabu relaxa o olhar e toma um pouco do chá que estava servido em sua xícara na mesa antes de voltar à sua narração, Meel absorvida pela história flutuou em sua imaginação sonhando acordada com o que ouvia.

— O fato é que passávamos de um grupo disperso, semirreligioso e assustado a uma força coesa, com uma personalidade própria e uma fonte de poder imorredoura. Acho que a partir daqui é que podemos falar verdadeiramente num Colégio Necromântico. Por dois motivos simples: primeiro, porque Gregorius foi quem aproximou as guildas dispersas que lutavam contra os Elfos Sombrios, que acabaram o elegendo Primus inter parens, o primeiro entre iguais, e segundo, porque quase todas as utilizações que pudemos encontrar para o fogo tartáreo eram nocivas ou destrutivas, de modo que tivemos de nos restringir à necromancia, tanatologia, e é claro, demonímia. Mas ninguém pode negar: nos tornamos muito bons nisso.

— Mas então, o que houve, onde está o colégio? - Perguntou intrigada Meel.

— O tempo passou, e o grande brilho de Gregorius ofuscou a razão daqueles que o cercavam, de modo que ninguém percebeu que o grande primus passava por mudanças visíveis e desagradáveis... o poder é uma droga inebriante e Gregorius estava cheio dele. Ele tornou-se arrogante e orgulhoso, mas todos viam apenas coragem e autoconfiança. Após a aclamação como primeiro do colégio, Gregorius tomou para si como aprendizes os necromantes mais ousados, brilhantes e ambiciosos, e criou um capítulo dentro do colégio: os Gregorii. Tenho certeza de que isso pareceu uma decisão natural na época, e que muitos magos de talento entraram numa competição de egos e vaidades para serem aceitos pelos gregorii... a elite da necromancia. Mas, sob o véu de brilhantismo e intrigas acadêmicas, a triste verdade era que o Primus estava decaindo, e levando o Colégio junto com ele. Gregorius não se concentrava mais na luta contra os Elfos Sombrios, tudo o que ele buscava era poder. Ele contemplou o abismo de perto, muito perto, e quando conseguiu vislumbrar nas profundezas das águas escuras seu próprio reflexo, como o vaidoso tolo das lendas, ele mergulhou.

Então Nabu sorveu todo o chá e ficou encarando aquelas folhas no fundo da xícara por um instante antes de seguir.

— Gregorius e seus asseclas estavam se tornando monstros, retendo uma parte significativa do poder flamejante que invocavam para abastecer sua magia. Seret e seus seguidores foram deformados física e mentalmente pelo poder infernal, mas o Tártaro estava absorvendo os gregorii espiritualmente, os tornando anjos caídos que representavam um enorme risco de corrupção para o Colégio. Contudo, muitos membros do Círculo Interno desconfiavam, há algum tempo, das práticas introduzidas por Gregorius nos libri da ordem: práticas que traziam grande poder, mas que também ofereciam terríveis riscos. O capítulo Gregorii se tornava cada dia mais poderoso dentro do Colégio, que cada vez menos apresentava diversidade e autonomia entre seus membros e mais e mais aparentava ser apenas uma divisão menor gregorii. Quando a verdade veio à tona, uma grande guerra entre os necromantes foi declarada, tão sangrenta e mortífera que até hoje nos referimos a ela como o ‘Cisma Flamejante’.

Meel ficou horrorizada ao ouvir a história de Nabu. Ela não podia acreditar que o fundador do Colégio tivesse se corrompido tanto, e que tivesse levado tantos outros com ele.

— No fim, Gregorius foi destruído e seus gregorii, dispersados. Contudo, nós mesmos já não tínhamos um lar. Os magos nossos irmãos nos evitavam, e nossos caminhos e os dos gregorii já estavam tão entrelaçados que era difícil dizer com certeza qual era nosso legado. Só de uma coisa tínhamos certeza... os segredos que vislumbramos além da mortalha eram reais, e jamais nos esqueceríamos do que vimos: rebanhos de almas conduzidas pelos deuses, servindo de alimento e escabelo aos imortais... E sabíamos que não desejávamos este destino.

Nabu ergueu a voz, com um tom de desafio e revolta. Ele bateu o punho na mesa, fazendo os livros e pergaminhos tremerem. Ele olhou para Meel com um brilho intenso nos olhos, como se quisesse transmitir-lhe sua convicção.

— Por isso te digo: jamais te curvarás a deus algum, porque tua natureza íntima é igual a deles. As estrelas e tudo além delas te aguardam, porque teu destino é a eternidade.

Meel sentiu um choque ao ouvir as palavras de Nabu. Ela nunca tinha ouvido alguém falar assim dos deuses, com tanta ousadia e desdém.

— Jovem pupila, você deve compreender que temos algumas regras...

  1. O culto aos deuses nos cega para o caminho que nos levará ao nosso destino: a transcendência. Submeter-se à morte é entregar-se ao ciclo de esquecimentos que nos prende à encarnação infrutífera e à mortalidade.
  2. Conhecer a morte e os processos que a envolvem a física e metafisicamente é o primeiro passo para retardá-la e, por fim, evitá-la. Contudo, tenha em mente que não fazemos isso por nós mesmos, mas por todos aqueles que vivem e pensam.
  3. Faça o possível para escapar à morte, mas se tiver de curvar-se a ela, faça-o com dignidade; os deuses não podem destruir sua alma como vingança contra sua rebeldia, posto que sua natureza íntima é idêntica a deles, e você terá uma nova chance de recomeçar sua busca. Mas se sentir-se tentada a abraçar a via da morte em vida para prolongar sua busca, saiba que estará morta para nós, e a aberração que restar consideraremos um gregorii, um inimigo mortal que deve ser destruído.
  4. Já tivemos o poder de conjurar os não-nascidos, ou demônios, para servirem aos nossos desígnios. Contudo, isso hoje é um crime tão grave para nós quanto abraçar a morte em vida. Não pergunte, não conteste, apenas obedeça.
  5. Mantenha-se em silêncio: não alardeie suas habilidades para ninguém, mesmo seus amigos mais íntimos. Primeiro, porque trilhamos um caminho perigoso e estreito, e o orgulho e a arrogância podem nos levar à queda. Segundo, porque ninguém que não seja como você a compreenderá. Somos de carne e sangue como qualquer um, e a solidão às vezes é por demais intensa, mas devemos estar prontos a continuar em nosso caminho... sozinhos, se for necessário.


— Se você acha que nosso caminho é estreito demais, siga em frente e jamais me verá novamente. Mesmo que encontre outro necromante, saiba que ele não representa a confraria, e só fala por si mesmo. Ou você junta-se a nós agora, e aqui está o anel que sela nossa aliança, ou nossos caminhos se apartam para sempre.

A jovem ficou em silêncio durante alguns segundos, olhando o anel na mão ossuda de Nabu. Um silêncio profundo, quase palpável, era quebrado em pequenos pedaços pelo som suave da respiração da moça, baixo e constante como um roçagar de seda. Sua mão dirigiu-se com uma firmeza inexorável ao anel, que colocou com orgulho e cautela no dedo anular da mão esquerda. Sem dizer palavra, o velho apertou sua mão. Não era um aperto secreto, do tipo adotado por arcanos de incontáveis escolas, mas um aperto caloroso e compassivo, do velho que saúda o jovem que segue uma trilha escura e perigosa, conhecida de noites frias e distantes.

— Sede bem-vinda, irmã. Todos os teus confrades te saúdam.

O Colégio

Os membros do Colégio Necromântico são magos especializados em evocar e canalizar a energia advinda do Tártaro, o mar de fogo e caos de onde emergiram os infernos e os elementos primitivos que antecederam aos deuses e titãs. Contudo, apesar de seu óbvio poder, esta é uma força caótica, entrópica e, em última análise, corruptora: muitos dos efeitos abastecidos pelo fogo tartáreo são dedicados à destruição, e não é incomum que necromantes antigos e poderosos enlouqueçam em virtude de sua magia; aberrações como os necroarcanos e cronoespectros são uma prova evidente disso.

História

Rezam as lendas que o Colégio teve sua origem em algum momento do segundo ciclo, e que surgiu como uma força de oposição os Elfos Sombrios e seus senhores infernais, que então saqueavam e destruíam as comunidades humanas que encontravam em sua busca por um novo lar. Os relatos são raros, confusos e pouco confiáveis, mas ao que parece o grupo se desvirtuou quando um de seus fundadores descobriu uma forma de abastecer sua magia através do contato com o oceano incandescente do Tártaro. Isso aumentou significativamente seu poder, mas os expôs a uma força caótica anterior ao nascimento dos tempos.

Desde então os necromantes são vistos como desertores da luta contra as forças infernais, magos ambiciosos e temerários que buscam imortalidade ao preço da condenação de suas almas, barganhando segredos nas sombras de tumbas profanadas. Ordens religiosas em geral os hostilizam, enquanto os clérigos de Cruine os odeiam abertamente como hereges e simoníacos da pior espécie. A atitude ateísta dos necromantes em relação às religiões só piora sua imagem. Entretanto, ninguém enxerga a escuridão com tanta habilidade quanto aqueles que caminham nas sombras. Os necromantes são extremamente escrupulosos na busca de decaídos em suas fileiras, tais membros recebem a alcunha de gregorii, e são caçados à exaustão.

Localização

O aspecto reservado dos necromantes, claramente uma necessidade frente à desconfiança da maioria das culturas de Tagmar em relação a eles, faz com que não exista registros claros da localização dos capítulos do colégio. Na verdade, pela organização muito descentralizada, cada mago possui seu próprio laboratório e nele recebe seus aprendizes e confrades, fazendo de suas casas (melhor dizer esconderijos) sejam como capítulos.

De maneira um tanto quanto invertida em relação aos outros colégios de magia no resto do continente, há uma concentração relevante de necromantes nas Terras Selvagens, podendo encontrá-los entre os nômades que vivem ao sul da Muralha de Goguista, estabelecidos como curandeiros entre as tribos, e com um pouco menos de densidade, mas cada dia com mais presença nas Geleiras, patrulhando e estudando sobre as emanações de poderes malignos na região.

Ainda ao sul do continente dois lugares possuem presença destacada dos necromantes, os mangues e Telas. Nos mangues, chegam alguns disfarçados e se estabelecem em Uno, onde recebem a acolhida do líder local, Edil. Mas em Telas é onde realmente há atividade. Na cidade está estabelecida o único local realmente público dos necromantes, a torre dos necromânticos (bem descrita no livro Terras Selvagens), onde esses magos possuem seu quartel general e principal trincheira na guerra das sombras que travam contra elfos sombrios e todo tipo de criaturas decaídas nas imediações do Domo de Arminus.

Por fim, nas Estepes Vítreas, está a Torre de Ébano, uma das edificações mais envoltas de mistério e incertezas de Tagmar, nem os próprios necromantes sabem onde fica tal torre ou mesmo como fazer caminho entre as mortais estepes para procurá-la. Ela foi construída para guardar o que sobrou de conhecimento após a “Cisma Flamejante”, e por isso os arquimagos do colégio se esforçam para manter em segredo o local, o único que se sabe ou que se tem notícia é que o local em que está erguida a torre a magia das estepes foi anulada e no entorno da construção há água, terra e plantas.

Na porção do continente ao norte da grande muralha, há três lugares públicos relevantes que há notícias mais ou menos certas da existência de estrutura necromante. A primeira, e mais incerta, é a Floresta de Edelnur, no grande complexo de Âmiem. Apesar das desconfianças reciprocas entre necromantes e elfos em geral, há uma simbiose de interesse mútuo de proteção nessa divisa com a Levânia. Nessa floresta estão muitas criaturas míticas raras, de interesse de magos de todos os tipos, e também de outros seres, e aí se estabeleceram os necromantes para auxiliar na defesa contra visitantes noturnos inesperados. O segundo lugar, talvez o mais óbvio, mas tão pouco bem registrado, são as instalações na magocracia da Portís, entre os mercadores de Runa e as ruas sombrias de Maginor. Por último, o colégio tem uma instalação entre os capítulos/sedes dos colégios de magia em Saravosa, no importante reino de Calco, mas não se encontra na área dos templos (por motivos óbvios), e sim no subúrbio, onde há uma casa em um escuro beco sem saída que serve de apoio para todos os necromantes que necessitam de morada na “capital do grande continente”.

Símbolos

Ao contrário do que se pensa, os necromantes não adotam caveiras ou símbolos da mortalidade como emblemas, uma vez que são um tanto óbvios e contrários às suas crenças. A heráldica do Colégio é formada por um tomo aberto, simbolizando o conhecimento, encimado por uma estrela, que simboliza a consciência livre e em expansão. Cada membro do Colégio recebe um anel, com uma opala polida e uma estrela de prata engastada sobre ela. Um emblema simples da mente que triunfa sobre a noite da morte.

Objetivo

Os necromantes acreditam que a morte interrompe a livre expansão da consciência dos seres inteligentes, e por isso buscam ao máximo expandir seu tempo de vida. Os segredos e conhecimentos que podem prolongar sua existência, ou mesmo os conduzirem à imortalidade, ficam escondidos além da barreira dos reinos da morte, guardada pelas hostes de Cruine. O fogo tartáreo, porém, queima a barreira e abre pequenas brechas, através das quais os necromantes podem se comunicar com os mortos e buscar os segredos da iluminação e da imortalidade. Tais segredos, em grande parte, dizem respeito a como os reinos da vida e da morte se interpenetram e como um conhecedor das leis certas podem fazer uso delas... tanatologia, animação de cadáveres, controle de desmortos... tudo isso são etapas no caminho do conhecimento que leva ao retardamento, e talvez cessação, do trabalho inevitável das parcas.

Cada necromante tem o dever sagrado de buscar a imortalidade e compartilhar seus segredos com seus irmãos. Ao contrário do que muitos pensam, as práticas necromantes destes magos são experimentos na tentativa expandir a vitalidade num corpo vivo, e por isso tornar-se morto-vivo é visto como um lamentável engano na busca de imortalidade; não se pode alcançar a imortalidade abraçando a morte como primeiro passo. Vampiros, cronoespectros, necroarcanos... todos podem encontrar a destruição final, e são por si só ícones de decadência, sendo declarados gregorii e destruídos ou utilizados como matéria-prima em experimentos, o que for mais conveniente.

Para ser aceito pelo Colégio

Candidatos ao Colégio devem possuir uma mente inquisitiva e livre de preconceitos. São necessários também dedicação, autoconfiança e coragem para procurar a imortalidade vasculhando os caminhos tortuosos da morte. Dar as costas ao auxílio dos deuses não é uma tarefa para fracos ou hedonistas. Necromantes tendem a ser práticos e pragmáticos, e suas pesquisas laboratoriais são vistas, na pior das hipóteses, como antissociais, de modo que seu caminho é o dos solitários. Talvez por sua origem e história, necromantes em geral são humanos. Anões e pequeninos não são apreciadores de magia não-divina, além de terem uma organização cultural um tanto religiosa, e os elfos são um caso à parte; talvez pela lembrança antiga de elfos sombrios os caçando, ou uma secreta inveja pela longevidade élfica, os necromantes são extremamente hesitantes em aceitar elfos, ou mesmo meio-elfos, como discípulos.

Ética

De acordo com os ensinos necromânticos, os deuses são seres inteligentes de um ciclo evolutivo anterior ao atual, cuja consciência se expandiu até alcançar seu grau transcendente. Contudo, por qualquer motivo, eles limitam os mortais, os jogando num ciclo vicioso de morte e renascimento que os faz perder todas as conquistas de suas vidas anteriores. Os necromantes acreditam nos deuses (só um idiota não acreditaria), mas são ateístas por convicção. Ao contrário do que se pensa, “ateu” não é aquele que não acredita num deus, mas aquele não possui, ou se submete a um deus, pois desejam se libertar da roda das encarnações passando através dela, e não girando eternamente.

Destruindo um estereótipo comum, os necromantes não são monstros egoístas. Sua busca por imortalidade faz parte de uma cruzada pela libertação de todos os seres inteligentes atualmente submetidos às parcas. O problema é que eles estão dispostos a ir muito longe para alcançarem seus objetivos, de modo que indivíduos que se ponham em seu caminho são duramente atingidos em prol do bem comum.

Geralmente, a postura dos necromantes em relação aos mortos-vivos é um pouco mais… “liberal” … que a do restante das organizações de Tagmar. Apesar disso, um membro da confraria que abrace o vampirismo, o necroarcanismo ou qualquer outra forma de morte em vida é considerado um inimigo mortal. Um necromante sabe que não deve abraçar a morte-vida como meio de prolongar sua existência, pois não há transcendência para monstros dessa natureza. A iluminação só chega para as consciências vivas.

Em tempos idos, o fogo tartáreo abria brechas na trama das dimensões e permitia a invocação de demônios. Mas eventos recentes, ocorridos em um capítulo do Colégio em Calco fizeram com que um édito proibisse terminantemente as práticas de demoníacas por parte dos necromantes. Os novos aprendizes sequer conhecem as magias que tornam isso possível, enquanto os mais experientes obedecem à vontade de seus líderes sem questionamento. Ao menos aparentemente…

Uma regra que dispensa comentários: quase todas as organizações se protegem atrás do véu do segredo, e os necromantes precisam dele com o dobro de urgência. Mas que ninguém se engane, a melancolia e a tristeza os alcança com a mesma rapidez que a todas as outras criaturas, e a maioria dos necromantes são figuras trágicas e solitárias, acalentando lembranças distantes de contato e amizade.

Organização

Os necromantes possuem uma organização ampla, mas muito simples: a célula básica é formada por um aprendiz e seu tutor, um necromante pleno e experiente, mas ainda sem o título de mestre. Os mestres, por sua vez, trilharam o caminho das sombras por longos anos, e conhecem a fundo os mistérios escondidos além da barreira de Cruine. O mais alto título conferido aos membros do Colégio é o de Arquinecromante, e de todos apenas um perambula pelo mundo, comunicando a todos a vontade do conselho: este é o encapuzado, a voz que guia os membros do Colégio submetidos à vontade dos Arquinecromantes.

Lideranças

Nabu, O Encapuzado: não se sabe se há uma liderança única ou se um colegiado controla os necromantes; tudo o que os membros sabem é que a voz da liderança chega através de Nabu, o Encapuzado. A designação de tutelas, os títulos de mestria, o reconhecimento de feitos, tudo chega através de Nabu, pessoalmente ou através de mensageiros designados por ele, com cartas marcadas por sua assinatura mística, infalsificável. Muitos já se perguntaram se na verdade Nabu não é uma identidade criada pelo Arquinecromantes e adotada através das magias certas pelos mensageiros destes, mudando sua aparência com ou Ilusão, dada a quase ubiquidade deste mago.

O único fato certo é que jamais soube-se de um pretendente que tivesse sido enganado por alguém se passando por Nabu, seja lá quais forem os métodos utilizados por ele para desencorajar as tentativas…

Rumores & Intrigas

Guerra santa contra os necromânticos: um grupo crescente de fiéis entre os Sacerdotes de Cruine estão fartos da filosofia dos necromantes. Muitos a consideram, na verdade, demoníaca e perigosa. Membros influentes nesse grupo têm feito pressão na liderança dos templos de Cruine, Maira e Crizagom, principalmente, para decretar os necromantes como hereges. Fala-se até mesmo da possibilidade de uma guerra santa para expurgar os necromantes de Tagmar. Rumores dão conta que a Ordem da Noite Eterna tem contratado espiões e grupos de aventureiros para colher informações sobre os membros do Colégio e formas de identificá-los. Dizem que alguns membros do Colégio têm até mesmo sido caçados e mortos.

Antiga ruína dos Três Malditos: está na posse de um grupo de aventureiros a localização da antiga ruína dos Três Malditos. Os necromantes a quem se atribui a criação do primeiro monstro Abominação. Essa ruína, segundo os pesquisadores, guardaria a primeira versão do ritual que, se estudada, poderia levar à correta execução da criação de um exército de mortos, além de trazer resposta para várias outras perguntas. Esse livro, se existir, seria um tesouro valiosíssimo para o Colégio. Parece que o próprio Nabu está buscando voluntários para investigar esse rumor.

Os Gregorii estão se expandindo: cada vez mais necromantes têm sido cooptados para um seleto grupo de devotos. Visitados por um corvo negro que traz consigo uma mensagem e instruções secretas, os escolhidos têm a chance de cumprir pequenas tarefas, caso se mostrem dignos terão acesso aos mistérios e segredos da mais poderosa e terrível cabala necromante: os Gregorii. Outros grupos de exploradores também estão sendo contatados paulatinamente para realizar missões específicas para esse grupo.

Contratam-se Aventureiros: Necromantes têm recompensado muito bem qualquer grupo disposto a seguir até as regiões misteriosas além das Geleiras. Onde hostes de mortos vivos impregnam os Mangues. Cada vez mais membros do Colégio voltam seus olhares para essa estranha região e seus segredos. Quaisquer que sejam os poderes envolvidos na existência da Terra dos Mortos, certamente um necromante tem muito a aprender e desvendar ali. Vale ressaltar, contudo, que cada vez menos grupos retornam dessa incursão.

Aliança entre Colégios: rumores dizem que os Colégios Naturalista e Necromântico estão forjando uma aliança histórica. Tudo por conta de um poderoso necroarcano que tem assolado vastas florestas ao longo do Reinos Conhecidos. Ouve-se de terríveis Abominações construídas com corpos de animais. Nabu, o Encapuzado e Harlam, o Corvo da Tempestade - líder dos Naturalistas Puristas - estão envolvidos nessa aliança, haja vista o poder do tal necroarcano. Ambos estariam enviando grupos de heróis como batedores para encontrar o covil do tal necroarcano.

Aliança sombria: Diz-se que os necromantes, em sua grande maioria, já são de fato, adeptos dos Gregorii. E que o Colégio já está em vias de aliar-se aos Bankdi. De quem obterão o segredo da vida eterna dos demônios em troca das chaves para acessar todo o poder do Tártaro. Os que pensam assim já tem caminhado lado a lado com cultistas e elfos negros e sussurros nas sombras começam a falar do Dia da Vingança, quando os gregorii e seus novos aliados realizarão o expurgo dos antigos mestres necromantes e seus pupilos.

Verbetes que fazem referência

Livro dos Colégios

Verbetes relacionados

Colégio Alquímico | Colégio das Ilusões | Colégio do Conhecimento | Colégio Elemental | Colégio Naturalista | Colégio Necromântico
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